sábado, 9 de julho de 2016

Valorização dos Sabores do Brasil


Foto:Tadeu Brunelli / Divugação


Que os sabores do Brasil são infinitos, já sabemos há tempos. Mas aliar nossas frutas, folhas e PANCs a técnicas elaboradas e precisas do universo dos drinques é desafio diário.
Na etapa nacional do World Class Competition, o maior campeonato de coquetelaria do mundo, dez dos melhores profissionais de bar do país e a própria competição, mostraram que estão em dia com essa missão.
— Os jurados internacionais gostam muito da brasilidade, mas a gente tem vergonha. Enquanto ficamos copiando o que estão fazendo lá fora, estão olhando para cá para criar coisas novas — diz Nicola Pietroluongo, embaixador da Diageo no Brasil. — Temos sabores que os outros não entendem, e é isso que temos que mostrar.




Para escolher o melhor bartender do país, os competidores passaram por dois dias de desafios, como o Fruit and Plants, de drinques autorais com conceito de sustentabilidade; o Seasons Summer and Winter, com um coquetel fresco para o verão e um mais envolvente para o inverno; e, o mais emocionante, o Against the Clock, no qual os competidores têm que preparar oito coquetéis em dez minutos.
— Se você é capaz de fazer todos aqueles coquetéis com uma boa técnica e a cabeça funcionando, isso mostra que você é uma pessoa de bar — avalia Nicola. — É o desafio mais importante.


SABOR E BOROGODÓ

Sai a razão, entra a emoção. O eleito para representar o Brasil na final global, Marcos Felix, do bar., de São Paulo, tem perfil bem diferente do sisudo e prodígio Kennedy Nascimento, vencedor de 2015. Durante os dois dias de provas, o paraibano de Juazeirinho preencheu o balcão com criatividade, técnica e carisma.
— Trabalho com o coração. O balcão é um palco para entreter as pessoas, desde quando elas chegam até a hora de deixar o bar — diz Felix, apostando no borogodó brasileiro para impressionar os jurados na final global em Miami, em setembro.
Entre as criações do melhor bartender do Brasil, estão o Cariri, coquetel autoral que resgata as raízes de Felix, com Ypiocá 5 Chaves, Cynar, e bitter de aipo; e o Smash de Pepino, que leva gim Tanqueray, pepino e limão siciliano.



À frente de um dos balcões mais interessantes de São Paulo — e com uma carta de gims de cair o queixo —, Felix já sabe por onde devem ir as criações que levará para a final.
— Vou levar muita coisa da cozinha para o bar, e manter o foco no Brasil — diz.



Fonte o globo

terça-feira, 7 de junho de 2016

Russian Cream






5 CL de Bailes
3 CL de Vodka Vanilia
1 CL de Licor de Café
1 Anis Estrelado
Canela em pó ou em pau


quinta-feira, 26 de maio de 2016

Só de Caipirinha vive a Coquetelaria Brasileira?



Bom, por esses dias andei observando a quantidade enorme de variações de "caipirinha" que existem por aí. Caipirinha é linda na sua simplicidade.

Não consigo encontrar nenhum clássico que possua tantas variações. Apesar de o Mojito possuir algumas receitas com pequenas alterações, Mojito de morango... Mojito de maracujá... Só porque você tirou o limão e colocou maracujá não torna um Mojito de maracujá, Mojito é: hortelã, rum, xarope simples, limão e gelo. PONTO.


Agora por que a caipirinha virou essa febre de criações bizarras, que fogem completamente do padrão, que simplesmente é: limão, açúcar, gelo e CACHAÇA. Por que o uso da caixa alta? Simples, já vi de tudo: caipiroska (vodka), CaipiSaque ou Saquerinha (de saque, olha os nomes), caipisco (é... Pisco, ele caiu, eu acho...), eu juro... Já vi até de cerveja, já vi inclusive de whisky, ou seja um Whisky Sour mal feito. E os licores? É de dar dó. Blue Caipirinha. Caipilé, uma atrocidade na minha humilde opinião. Colocar um picolé de frutas dentro de uma caipirinha? Por favor, "criatividade" tem limites! E uma caipirinha frozen? Não é por falta de imaginação, mas não consigo imaginar um resultado que funcione para isso.


Mas essas são só as bebidas, estamos esquecendo da variedade que existe das chamadas CaipiFrutas! Morango, morango com hortelã, kiwi, morango com kiwi, gente.... Só eu que vejo isso como fruta com cachaça? Que isso é coquetelaria barata e pouco criativa? Por que esses coquetéis não possuem outro nome? Por que ao invés de inventar novas "caipirinhas" não criamos outros coquetéis?! Só dá para usar cachaça em caipirinha? Ninguém tem idéia melhor? Não acredito que em um país de dimensões continentais como o nosso, só consigamos fazer isso, e detalhe, a maioria das frutas usadas para as supostas caipirinhas, as mais vendidas, não usam nem frutas daqui!


Mas todo mundo aqui faz isso, já vi restaurante com quase 60 variações de "caipirinhas", e isso por baixo.


Existem terminologias que abrem espaço para milhares de combinações, Sour, Slush, Fizz, etc, possuem outros nomes, são outros drinks, não destroem a receita original, a primeira criada. Caipirinha, assim como Mojito, Margarita, não são esse tipo de terminologia, se você muda o destilado, ou muda a fruta usada, são outros coquetéis, que precisam de outro nome! Um Bellini é de pêssego, colocar outras frutas descaracteriza o clássico. Dê outro nome! Se você muda o licor do Cosmopolitan, você não põe, exemplo bem bizarro: Midori Cosmopolitan. Para começar você nem faz isso, mas se o fizesse, daria outro nome, não é mesmo?


Sabemos que muitos são muito saborosos, que existem combinações que mereciam um nome à parte ao invés de caipirinha de abacaxi com noz moscada, com uma dash de triple sec. Ou uma de caju, limão, com melaço de rapadura, ao invés do xarope simples.
Ou quem sabe uma de laranja, com baunilha, feita com uma cachaça envelhecida?


Essas "variações" não são nem de longe caipirinha. Então, por favor... Vamos começar a dar nomes reais a esses coquetéis, vamos educar o cliente.


Muitas vezes já observei que esses "coquetéis" entram na carta de bar por preguiça do dono, porque ele não quer pagar a mais um treinamento para o garçom, seja da carta de bar, da de vinho, muitas vezes até do cardápio. Então, fica difícil trabalhar com quem só sabe vender "batida de fruta". Por isso o nosso trabalho de educar o cliente. Para quem presta consultorias o trabalho de educar o dono na hora de criar a carta de drinks.



Se continuarmos nesse rumo, deixando as coisas como estão, nosso país nunca vai deixar de ser uma país de "caipirinhas"... O que é triste para o que podemos fazer. Podemos agregar mais que isso. Mostrar ao mundo que com cachaça você pode muito mais. Que o sabor peculiar dela não vai bem só com limão e açúcar.


Autora do Texto: Neila Pamplona